segunda-feira, 13 de abril de 2009

Quando nasci
Ninguém soube ao certo pra que chegava
Entre quatro, o quinto não faz a menor diferença.

Quando nasci
Não chorei como devia
Olhei o mundo que me cercava e sabia que era mais um

Quando nasci
Não esperei que braços me afagassem o tempo q desejava
Afinal, eram mais dúzias de fraldas a serem limpas

Quando nasci
Aprendi a me calar e me acostumei com o silêncio
Para que o peso da solidão não perturbasse meu ser

Quando cresci
Tentei descobrir pra que viera
Entre os cinco queria fazer diferença

Quando cresci
Chorei mais que devia
Olhei o mundo e não me conformei em ser mais um

Quando cresci
Esperei o afago de alguns braços
Mas, as coisas a serem limpas nunca deixaram de existir

Quando cresci
Aprendi a falar e a fugir do silêncio
Para que a o peso da solidão não fosse evidente ao meu ser

Quando morri
Descobri que nunca saberia ao certo pra que viera
Dos cinco era pra ter sido o quinto louco

Quando morri
Não chorei e os que choraram o fizeram pelo hábito
Olhei ao redor e percebi que o mundo era tão “mais um” quanto eu

Quando morri
Tive o cuidado dos braços técnicos
E o ciclo de se estar sujo e limpo permanecia inabalável

Quando morri
Me calei e me afugentei no silêncio
Não senti nem medo nem solidão, pois meu ser já não era