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A grande esfera azul
Flutuante, rompante
Dominada por seus habitantes
Ferida por seus amantes
Na grande esfera azul
Os homens correm, dormem, morrem
Em suas conquistas ferozes
Não vêm as vidas que lhes fogem
Dentro da esfera azul
O fogo, os gases, a devastação
E os papos de preservação
Luxo, dinheiro, poder, poluição
Aos que estão na esfera azul
Falta água, falta comida
Falta oxigênio, falta clorofila
Falta ideal, falta vida
Dominem sobre a grande esfera azul
Foi este o conselho
Para aqueles que, por medo,
Dominam sequer a si mesmos
Olhem para a grande esfera azul
Ergam a voz, abram os olhos
Gritem e voltem-se para os ossos
Da extinção, do ofício, dos mortos
Nessa grande esfera azul
Cultivem hortas, façam sonetos
Reguem os sonhos, sintam o cheiro
Dos campos, das flores, dos canteiros
E que essa grande esfera azul
Volte a fecundar e dar frutos
Que a chuva traga o humo
E que tudo mude de rumo