sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Em Ribeirão Preto...





Amanhã faz uma semana que estou aqui em Ribeirão Preto-SP e o calorão continua o mesmo, talvez até mais intenso. Ontem comprei roupas e sapatos a preços tentadores e tomei caldo de cana no centro da cidade, como um bom interiorano. Devo confessar que, aqui, algumas coisinhas me atraem, tipo "Vou ao centro da cidade" ou Avenida com nome de Presidente, ou rua tal com esquina c/ sei lá o quê, bairros, velhinhos nos bancos das praças jogando dama e rio no meio da cidade. É interessante como as pessoas daqui curtem a cidade e a consideram a melhor cidade do mundo. Não com arrogância, mas com louvor! Em Brasília não costumo ver pessoas, assim, tão regionalistas. Aqui temos o melhor chopp - dizem ainda hoje os ribeirão pretanos (se é assim que se diz), mesmo depois da Fábrica da Antártica mudar-se para capital. Mas eles têm razão! O chopp é muito bom mesmo! Fui ao Pingüim e comprovei o orgulho. Mas, não é só para o chopp que eles estufam o peito. A água é a melhor, as padarias e bancos estão em todo lugar, o povo é hospitaleiro e a prefeitura te saúda com um convite para investir na cidade. Enquanto nós, em Brasília, temos apenas a diversidade dos poíticos. Os melhores e, também, os piores. Ora, mas e arquitetura? Por que não nos orgulhamos dela se Niemeyer já ficou internacional? Talvez uns, como eu, se orgulhem, mas não a ponto de ficar pelas esquinas (que não é esquina com nada) dizendo: "Temos a catedral, temos um eixo monumental, temos o presidente logo ali, temos um laguinho cheio de níqueis que é milagroso". Ninguém fica fazendo publicidade disso. A gente apenas vive. Corre daqui pra lá, de lá pra cá com todas as regiões que nos formam. Porém, se a gente não ouve elogio à Capital da República com freqüência, a gente escuta o tempo todo elogios ao querido Maranhão e à farinha de puba. A gente encontra todo dia pessoas saudosas em suas lembranças do Piauí ou Rio Grande do Norte ou Alagoas ou Pernambuco ou Sergipe. O açaí do pará e as cores da Bahia de todos os santos ajudam a compor nosso cotidiano um tanto candango, outro tanto brasiliense, um pedaço nordestino e um bocado brasileiro. E foi pensando nisso que eu me orgulhei de não me orgulhar dos monumetos em si, mas quis dar o meu louvor às mãos nordestinas que obraram os monumentos e transformaram a Capital da República em uma região tão diversa como os brasileiros.

Posso então comungar do pensamento de Gabriel Garcia Marquez quando ele diz:

"Tenho consciência das diferenças existentes de um país para o outro, mas em minha mente e em meu coração é tudo a mesma coisa. Onde realmente me sinto em casa é no Caribe, seja o caribe francês, holandês ou inglês." (Gabriel Garcia Marquez, Obra Jornalística 4 - Reportgens Políticas)