terça-feira, 18 de abril de 2017

agradecida
foi assim q você me disse que
tava se sentindo quando eu perguntei
e eu também, pensei,
mesmo com os caldos
na beira do mar
caótico
caldos que eu recebia
pra entrar

um pouco
mais dentro,
porém
era mais calmo
foi mais calmo
está sendo mais calmo
até que de novo
as ondas
me lembram
que o mar é um
caos infinito
de tempo e tamanho
que se faz de 3 moléculas
forma triangular
criando todo
um outro universo
com milhares
de espécies e vidas
nascendo e morrendo
todos os dias

eu sou o mar
que nasce e morre todo dia
e nasce e morre
pedaço
pedaços de mim
desencaixados
pra tentar cumprir
forma não triangular

quis ficar só de calcinha na praia
mas num podia
porque tudo era só sexo

quis beijar minha mina na rua
e beijei
porque nem tudo era só sexo

enquanto escrevo
risco seu nome na areia da praia
e rezo, medito, oro e, também
muito agradecida
percebo que comungamos
da mesma fé
dita em livros diferentes
e você me ensina
a traduzir esse amor que me foi dado
e me desengasga

entre eu e o mar
nada mais há
que impeça d'eu ir lá
nem sermão,
nem irmão,
nem patrão,
nem medo do cão
sem medo de solidão
sei que se eu mergulhar
por baixo da onda,
me lançando no caos,
eu encontro a calmaria
de ser e cantar e viver
e morrer
como as pétalas amarelas
daquele blues que eu amo

fogo queimando
áries
buscando calmaria
de calor, afago, quentinho
e fritando sim, quando preciso

isso pra mim
tá sendo
calmaria
de verdade:
afundar nas ondas
do mar e saber
respirar e
poder fritar e dizer
e saber quem
eu sou!