Poesia entalhada
Quase pego um ferro, solda, martelo, meia dúzia de ferramentas que possam desenhar amor cravado, enterrado, cunhado, amor que vai se escrevendo abrindo frestas, porque sem rasgar e romper a linguagem não expressa a intensidade do que sinto!
Jogo de formões
Goivas
Lâmina curva
Formão direito
Abrir sulcos
Bem afiados
Sem escorregar
Alisamentos preliminares
Barrilete para manter no lugar
Alisar a superfície acabada
Aqueça em lume brando
Atravessa Gerações no Cariri
Xilogravura
Manifestação artística
Expressão plástica de amor
Para retratar em dimensões, luz e sombra, superficialidades e profundidades o universo mágico
E feito isso se joga tinta e carimba amor por onde for. Nosso amor. Amo entalhado em mim. Amor que me abriu frestas, fissuras, brechas. Me fez ver meu material, o material que tenho e o material de que sou feita; e teu material. Imaterial. O nosso amor me levou a muitos lugares de mim. Me vi. Te vi. Ainda hoje reviso e revisito cada marca.
fernanda fontoura