segunda-feira, 18 de junho de 2018

Poesia entalhada Quase pego um ferro, solda, martelo, meia dúzia de ferramentas que possam desenhar amor cravado, enterrado, cunhado, amor que vai se escrevendo abrindo frestas, porque sem rasgar e romper a linguagem não expressa a intensidade do que sinto! Jogo de formões Goivas Lâmina curva Formão direito Abrir sulcos Bem afiados Sem escorregar Alisamentos preliminares Barrilete para manter no lugar Alisar a superfície acabada Aqueça em lume brando Atravessa Gerações no Cariri Xilogravura Manifestação artística Expressão plástica de amor Para retratar em dimensões, luz e sombra, superficialidades e profundidades o universo mágico E feito isso se joga tinta e carimba amor por onde for. Nosso amor. Amo entalhado em mim. Amor que me abriu frestas, fissuras, brechas. Me fez ver meu material, o material que tenho e o material de que sou feita; e teu material. Imaterial. O nosso amor me levou a muitos lugares de mim. Me vi. Te vi. Ainda hoje reviso e revisito cada marca.

fernanda fontoura