quarta-feira, 18 de setembro de 2019

um vento saudoso bate na minha cara
aqui no taguaparque
lugar que desde antes de existir assim
já acolhia minhas lágrimas


              quando eu era criança
              parecia o mar
              quem vinha subindo as qnd 
              sabia e dizia: de longe parece o mar 


esse mesmo vento
me trouxe a força da coragem
de não permitir mais que 
branquitude nenhuma
me impeça de adorar orixá!


              "no santo dos santos a fumaça me esconde
               só meus olhos me vêm 
               debaixo das minhas asas é o meu abrigo
               meu lugar secreto,  só minha graça me basta
               e minha presença é o meu prazer!"


eu dividi o meu espaço sagrado com muitas pessoas
muitos rolês
muita vida sendo gerada
e eu não fazia a menor ideia 
do quanto a minha música falava: linguagem sagrada


hoje eu senti
eu vivi
eu entendi
e fortaleci isso em mim:


ninguém mais invade
sem coragem
meu espaço sagrado
e se tentar eu vou ao menos tentar defendê-lo
vou me defender de gente covarde
e eu nem sei se vai ser sempre possível


tamo aí com todas as políticas
pra gente não tocar tão alto, não falar!
pra quê investimento?


deve ser o medo que o tom da minha voz aumente


mas eu insisto em tentar proteger 
o mais sagrado em mim!


e quem não puder partilhá-lo 
sem me apontar o dedo na cara
pra me dizer como fazer, como viver,
vaza!


depois dessa luz toda, do sol ardente, 
depois do seu choque
tem escuridão e acredite: é lá que tem a glória!