um medo
uma fuga
o pensamento cativo
uma casinha de madeira
cerca
eu na estrada de chão comendo poeira
abre a janela pro dia entrar
porque de dentro desse quarto opaco
o ar é tão denso que é como se não coubesse
abre a janela
deixa a noite clarear
e se espalha
se espalha
a gente tem a madrugada inteira
eu me esperei e você não veio
eu nunca sei se quero ou não quero que você venha
de novo: esperança e medo
algo que me impele
pele
pede
tá seco aqui
lábios rachados
fogo nas narinas
eu no deserto
numa busca desvairada por
água!
das espadas às taças!
bebo o nectar graal guardado debaixo dos seus seios
abro-me à parte que me cabe mais inteira em mim
tímida mesmo, tímida
desse jeito que sou!