terça-feira, 1 de outubro de 2019

fico aqui me perguntando se as pombas vivem algumas das sensações que eu vivo!
curiosidade é sensação?

meu corpo sente e desperta

abre, cala o medo e muita atenção nos olhos

é mesmo uma mistura!

quem tem atenção?
o corpo?
a alma?
o espírito?

é tudo numa só: EU


espaço 

fronteira
não há alfândega que embarrere
a minha vontade de viver

tem roda girando

pra tudo quanto é lugar
um mecanismo
uma inteligência
um soneto
uma sonata
nome que era escala
escola de órgão
teoria
pra aprender a conduzir o som
pra outras esferas
onde os ouvidos por si só
traduzem minha ausência de vocabulário

e minhas palavras jorram e

se repetem e se multiplicam
cabeceira dobrado
cabeleira
espantalho aceso
em cima do teto

andréia, minha cunhada,

era muito sensitiva
ela via
via coisas e tinha medo
não queria ser a doida da família

e ela olhava pra todo mundo com tanta bondade


me incendiou...!

queimou
reacendeu última fagulha
indício de que a bondade e o amor 
não era certeza de felicidade e plenitude

ela só tinha 27 anos, poxa!


não fazia sentido pra mim 

ela num céu que separa maldade e bondade!
quem é que sabe? 
logo ela que não fazia distinção?

ela morreu

foi sacaneada e morreu!

e incendiou algo em mim:

aprende na melancolia a busca pelo significado maior na vida

labareda

presa na madeira
na terra

sou eu que mantenho o fogo aceso!