fico aqui me perguntando se as pombas vivem algumas das sensações que eu vivo!
curiosidade é sensação?
meu corpo sente e desperta
abre, cala o medo e muita atenção nos olhos
é mesmo uma mistura!
quem tem atenção?
o corpo?
a alma?
o espírito?
é tudo numa só: EU
espaço
fronteira
não há alfândega que embarrere
a minha vontade de viver
tem roda girando
pra tudo quanto é lugar
um mecanismo
uma inteligência
um soneto
uma sonata
nome que era escala
escola de órgão
teoria
pra aprender a conduzir o som
pra outras esferas
onde os ouvidos por si só
traduzem minha ausência de vocabulário
e minhas palavras jorram e
se repetem e se multiplicam
cabeceira dobrado
cabeleira
espantalho aceso
em cima do teto
andréia, minha cunhada,
era muito sensitiva
ela via
via coisas e tinha medo
não queria ser a doida da família
e ela olhava pra todo mundo com tanta bondade
me incendiou...!
queimou
reacendeu última fagulha
indício de que a bondade e o amor
não era certeza de felicidade e plenitude
ela só tinha 27 anos, poxa!
não fazia sentido pra mim
ela num céu que separa maldade e bondade!
quem é que sabe?
logo ela que não fazia distinção?
ela morreu
foi sacaneada e morreu!
e incendiou algo em mim:
aprende na melancolia a busca pelo significado maior na vida
labareda
presa na madeira
na terra
sou eu que mantenho o fogo aceso!