a chama que me arde
a chama que queima em mim
se acende em você
em brasa sobrevivia desde aquele piano velho
que quando eu casava [ cartório igreja homem e mulher ]
teve lá na foto
o velho piano de teclas duras intócaveis
sem som só poeira
cenógrafico?
pensei: como a minha vida
cenográfica!
mas depois de um tudo acontecido
você aparece e me faz entrar arbustos e florestas adentro
a chama quando em brasa tem medo de queimar
incendiar
fogaréu ninguém gosta
mas a gente queima!
a gente queima
a gente queima
as coisas podres
naquele buraco cheio de escuridão
o sangue que nos protege
é o pacto das nossas almas
como se cruzassem a imensidão entre
eu e você
eu tenho medo
vc sabe
porque pó de queimada incomoda demais
é por isso que eu amo me deitar em seus leitos rios
peitos
aguam a terra fértil do meu coração
me derramando na sua mão
eu tenho sim partes sensíveis em mim
e você sabe toca-las tão bem!
as águas me aliviam do ardor do fogo
que nunca se apaga
bora jogar essas cinzas pro mar
e devolver tudo pra iemanjá?