sexta-feira, 15 de maio de 2009

Lua


Procurei um lugar pra descansar
Pra sair do tédio, pra apreciar o desenho das nuvens
Pra sentir o toque do vento no cabelo, no corpo
Me despedi da tarde e escolhi um lugar
Pra saudar a noite que se aproximou tão acolhedora
Observei as estrelas, mesmo sem saber o nome de nenhuma delas
Ouvi o som das águas, entoado pela brisa que refresca a alma
Me joguei no tempo e não quis vê-lo passar....
Fingi não ouvir seus rogos recobrando a rotina
Busquei em algum lugar do cosmos uma razão para não estar ali
Uma só, entre as mil razões que compunham o meu cenário real

Éramos eu e a lua

Era um tanto de mim
Envolto pela suavidade da sua presença
Tentando encontrar o cerne do ser
Sob a frieza convicta da sua luz
Redescobrindo o que se formou de mim
Juntando pedaços, desamassando as marcas
Refazendo-me da dor dos beliscões
Procurando sombras pra me esconder
Me sentindo culpada por tentar tocá-la

E poder tocá-la...

Com os pés esticados, tocá-la mais uma vez
Ela, tímida, séria, escondida no céu de outono
Eu, cá embaixo, esfuziante por tê-la em meu tato
Fingindo não lembrar que seria apenas uma estação

Temo que à noite não possa tê-la
Temo o tempo quando ele amanhece o dia
Temo a escuridão quando ela não pode me esconder
Temo a brisa quando ela não trás as lembranças da noite
Temo nunca mais poder ter a solidão de estar ao teu lado
Em um píer qualquer a observar-te: minha LUA