domingo, 23 de junho de 2019

eu tirei daqui de dentro
tirei daquele jeito estupido mesmo
dolorido arrogante venenoso
um tanto de palavra junta 
reclamando atenção 
e fui vendo 
que nunca se tratava de mais ninguém 
além de mim
só eu, só 
solidão nunca foi meu forte
e era uma criança brigona, que agora,
gritava por espaço 
berrava acusava 
apontava e atirava
usei as armas que achei
e quando derramei 
sangrou o veneno grosso do nojo
gosmento da teia que nos une as pessoas
contratos afeições deveres moral
fio queimando derretido pelo ácido 
fétido hálito 

esperança pavorosa para os filhos do fogo
qualquer coisinha estoura pólvora 
uma criança crismando fé 
certeza de um futuro celestial
sem jamais dar o cú! 
retorna, vai? 
volta praquele estado em que a carne era tudo
e que a palavra concupiscência nunca existiria...
eu você olho veia consciência 
encontro e certeza! 

só agora sou eu!
não só uma criança brigona por natureza
de ser mulher e reivindicar atenção só dela!
não só aquela maluca ciumenta vomitando odiosas dores escondidas
não só o pecado da áspera palavra 
estilhaços pra todos os lados

era eu recebendo amor
amor que me invade e molha a fonte mais profunda daquela antiga correnteza 
tão minguada 
brotando alimentando os rios os mares
de mim
eu eu marejei 
marejava
meus olhos meu sangue minhas veias
um tambor batendo lembrando
que amor é pra ser vivido
passo a passo compasso
passado
ufa!
passei