o cerne do espirito
o cerne da alma
o cerne do corpo
será um só?
e quando nada mais existir?
e tudo o que for da humanidade vai tá na alma
flutuando com o espírito em outras formas, outros corpos, outras esferas?
mas, vem pra cá?
aproveita que tu taí existindo e vive mesmo
essa vida de agora é só uma
esse jeito, esse tamanho, essa estatura
e dessa palavra me vem: “estatura de varão perfeito”
varão perfeito é meu cajado
encostado na parede esperando a hora pra ser usado
e os versículos vem tudim na minha mente
o cajado de moisés
a couraça de paulo
a estaca de jael
a mulher encurvada
a mente de cristo
vinde a mim
eu que sou desse jeito aqui mesmo
vinde a mim!
um eu clamava aqui dentro
o cristo que ressuscitado não precisa dar prova disso
não dá pra entender tudo com o pensamento não
a força ta na doçura
é o encontro que fissura as partes
atrito gerando energia e calor
foi assim que a gente foi deixando de ser selvagem
mas até que ponto não ser selvagem?
o medo me aprisiona
a coragem me liberta
os sonhos me mantêm acordada
e a tudo isso dou nome de esperança
como aquele grilo verde pairando no canto mais empoeirado do quarto
porque é tudo a mesma coisa
o espaço o tempo as grandezas
tudo é a mesma coisa
sem jamais se repetir nada
nem o tempo, nem as vibrações, nem os metais
algoritmos podem ser a próxima espécie a dominar nosso planeta
e tem como a gente dizer que é a mesma coisa?
as veias, o sangue, um peito batendo
eu ouço a rouquidão daqueles pulmões cheios de ar pra soprar
é porque tá ventando frio lá fora
[deve ser iansã montada no seu leão dourado, anunciando prosperidade]
a garganta fica assim ó, seca, arranhando
mas o canto fica tão bom de ouvir com essa fenda
essa fenda por onde passa esse ar específico
sopro saliva e coragem suficientes pra navegar numa alma
o cerne?
pra que entender se a cada fio fiado é mais uma verdade que está posta!