domingo, 7 de julho de 2019

um território desconhecido por mim
como eu poderia ter sido tão relapsa 
como o meu próprio lugar
meu próprio território?

eu já quis ter nascido em outro lugar
ter outra vida
ser filha de outros pais
morar em outro país
ser de outro tempo futuro 
de um passado que não se congela em palavras

um lugar dum não saber eterno!
como faço pra ser reconhecida 
como essa q sou?
e não são as palavras que vão me dizer
elas ora ou outra são tão perversas
espertas convenientes 
racionais demais
não se importam pra além do que podem ver
mas como água elas passam pelas frestas 
atravessam o céu escuro da selva
e iluminam meu caminho
no horizonte longe
tão longe 
longe
e o que importa é a jornada e não a chegada
a passagem 
o veículo de transformação 
maturidade seiva ser flor bruta fruta 
furacão trovão rios afora 
referi-me aos que corriam em fuga
pro mar!
a loba uivou e disse 
que mar quando tá com saudade 
chove
onde quer q a gente esteja
e alivia um pouco dessa minha sede