um território desconhecido por mim
como eu poderia ter sido tão relapsa
como o meu próprio lugar
meu próprio território?
eu já quis ter nascido em outro lugar
ter outra vida
ser filha de outros pais
morar em outro país
ser de outro tempo futuro
de um passado que não se congela em palavras
um lugar dum não saber eterno!
como faço pra ser reconhecida
como essa q sou?
e não são as palavras que vão me dizer
elas ora ou outra são tão perversas
espertas convenientes
racionais demais
não se importam pra além do que podem ver
mas como água elas passam pelas frestas
atravessam o céu escuro da selva
e iluminam meu caminho
no horizonte longe
tão longe
longe
e o que importa é a jornada e não a chegada
a passagem
o veículo de transformação
maturidade seiva ser flor bruta fruta
furacão trovão rios afora
referi-me aos que corriam em fuga
pro mar!
a loba uivou e disse
que mar quando tá com saudade
chove
onde quer q a gente esteja
e alivia um pouco dessa minha sede