existe esperança
em qq lugar e em qq hora
só se junta e canta e toca
bom seria se tudo fosse coletivo
mas o que é o bom,
senão o que nos separa?
não quero o bom
quando o bom diz que eu não posso
ser amada e aceita
como Eu Sou
então,
talvez velha demais pro coletivo
(mas
a minha mãe tem pressa!
disse ela! tem pressa)
abro me
pra o que
Eu Sou
e escolho
ser remanescente
que não aceita
as regras
do império de acabe
que acabe!
do saul que saiu do rumo
e achou que privilégio era pra sempre dele
e só quis matar no final
até que uma estaca o atravessa
qual estaca eu estou impunhando?
ela se volta,
sempre se volta
dois gumes
duas partes do mesmo todo
não dá pra ignorar a essência
não dá pra achar que eu só sou uma louca
a loucura pra mim só foi o início
o começo de ver
com os meus olhos
falar do meu jeito
meus desenhos
meus acordes
minha voz
meus dedos
minha esperança
que não morre com o seu medo
porque eu tenho medo também
mas eu não quero não
eu não quero ter medo
que ninguém mande em mim
se for pra ter medo
que seja do tamanho que Eu Sou
avançando
na missão de não me calar
senão quando eu mesma optar pelo silêncio
porque o silêncio é uma oração
me calar pra ouvir poesia e
música das amigas
a voz do povo da terra
da mata, da rua
a voz dela no mar
e descansar
e deixar o medo passar.