Ontem fiquei surpresa quando li e ouvi algumas reportagens sobre a manifestação do Conselho Nacional de Educação sobre a obra de Monteiro Lobato “As Caçadas de Pedrinho”, pedindo que o livro não fosse mais lido nas escolas, com a argumentação de que o texto, publicado pela 1ª vez em 1933, apresenta conteúdo racista. E, se fiquei surpresa, foi porque acabei de comprar um exemplar para o meu sobrinho que fez aniversário em outubro e, logo pensei: vou ter que dar uma lida para ter certeza que o Léo não assumirá, a partir de agora, nenhuma postura racista. A titia iria ficar muito triste! Então resolvi ler o livro, e preciso dizer que Monteiro Lobato é fantástico! Fiquem tranqüilos, pois não há nenhuma manifestação clara de racismo. O texto, enriquecido pelo modo faceiro e sutil do autor em retratar as peripécias cotidianas da existência humana, Monteiro Lobato utiliza-se de artifícios como o Departamento Nacional de Caça ao Rinoceronte, para satirizar o sistema burocrático do país.
Penso que o Brasil de Lobato era bem diferente do meu Brasil e ainda assim, consigo detectar semelhanças entre os dois, na sua descrição. As figuras que poderiam representar qualquer tipo de segregação, são muito bem acolhidas por seus personagens, como a Tia Anastácia, Tio Barnabé e o próprio Saci, pois falam mais de uma realidade do que de um conceito.
Leiam e apreciem! Toda a obra lobatiana é como O Pequeno Príncipe (de Antoine de Saint-Exupéry). Se lê aos 8, aos 18, aos 38, aos 58 e aos 80 anos, sem a menor perda da motivação e do encantamento pela leitura!
Portanto Léo, faça uma boa leitura e aproveite o presente da titia!
