segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

LUTO

V

Definitivamente não fomos criados para lidar com a morte. Ela, em qualquer distância, causa dor, angústia, desesperança, inquietude e, principalmente – o que talvez seja sua única vantagem – nos leva à reflexão. E foi nos fios de sua única vantagem que eu me apeguei ontem ao receber a notícia do falecimento de uma pessoa querida da igreja que atendia pelo nome de Socorro. Da maneira mais abrupta possível a morte golpeou a família no ponto mais fraco do ser humano. Aquele ponto que fica desnudo pela esperança, pois a esperança nos faz arregaçar o peito e as mangas e enfrentar qualquer coisa que a tenha tirado de nós. A Socorro trouxe essa força e essa esperança para sua filha, para seus irmãos, para os que estavam bem perto e também para os que, mais distantes, vislumbravam no significativo exemplo, vontade, coragem, vigor. A Socorro fez valer o nome quando presenteou muitos com a esperança que nos encorajou a escancarar o peito, dando, em Cristo, sentido ao Socorro bem presente na tribulação. E, hoje, sentimo-nos desprotegidos, com frio, temerosos, fragilizados pela brutalidade da ausência física. Mas é com esse sentimento que imploro a tantos quanto puder, a qualquer um que já tenha provado desse cálice amargo, que não se arrependam de terem, outrora, estufado o peito dando vazão à esperança. Rogo a Deus para que saibamos conserva-la absorvendo a coragem e a vida evidentes em pessoas como a Socorro, a Andréia e tantos outros que por seu exemplo de vida, transformaram a morte em algo maior do que a dor e o desespero. Em algo que evidencia a graça de Deus em todos os momentos da vida. Essas pessoas viveram o máximo que puderam e toda essa integralidade, remete-nos à essência da Cruz que, através da morte, traz de volta a vida.