tão profundo pra dentro
e me afunda
num fundo de qualquer oceano
ou poça d'água de uma dessas
ruas de são paulo.
sons,
cores,
tempo contado,
cronometrado
cada passo,
compasso,
eu passo,
deixo passar
deixo guiar
tenho q parar
pra acender
a luz.
a brisa
a brisa
cinza
dessa cidade
barulhenta
faz arder.
ardem meus olhos.
ardem meus olhos.
água, doce, sal
lembro de tanta coisa
vento entrando forte
soprando esvaziando
tudo agora misturado
naquela água escura
amarga de memórias
endurecidas.
culpa,
pecado,
dor,
rios de
água contida
e um canto
longínquo.
distante
suave
cantando:
"ei deus...?"
sinto que esse meu anseio
por transbordar
eh como gota
em pia,
em ré maior,
q tanto bate até q...
por transbordar
eh como gota
em pia,
em ré maior,
q tanto bate até q...
[em fiapos de rimas rio q se juntam no mar]
...fura e derrama y ama,
ainda, sempre, aprendendo.
ainda, sempre, aprendendo.
começou a primavera
o sol rasgando o jambuzeiro
me atinge em cheio no peito
arde no joelho e
me faz lembrar
q ele sempre esteve ali.
mesmo por trás daquele céu
sujo e frio de são paulo e
de todos os outros santos
q me culparam!
ele sempre esteve ali
em algum lugar pra
jorrar transbordar num
cântaro o cantar!
*na primavera que, por ser em São Paulo,
parecia inverno dos bravo!