domingo, 25 de setembro de 2016

algo me movimenta 
tão profundo pra dentro 
e me afunda
num fundo de qualquer oceano 
ou poça d'água de uma dessas 
ruas de são paulo.
sons, 
cores, 
tempo contado, 
cronometrado 
cada passo, 
compasso, 
eu passo, 
deixo passar
deixo guiar
tenho q parar 
pra acender 
a luz.
a brisa 
cinza
dessa cidade 
barulhenta
faz arder.

ardem meus olhos. 
água, doce, sal
lembro de tanta coisa 
vento entrando forte 
soprando esvaziando
tudo agora misturado 
naquela água escura
amarga de memórias 
endurecidas. 
culpa, 
pecado, 
dor, 
rios de 
água contida
e um canto 
longínquo. 
distante 
suave 
cantando: 

"ei deus...?" 

sinto que esse meu anseio
por transbordar
eh como gota
em pia,
em ré maior,
q tanto bate até q...
[em fiapos de rimas rio q se juntam no mar]
...fura e derrama y ama,
ainda, sempre, aprendendo.

começou a primavera

o sol rasgando o jambuzeiro
me atinge em cheio no peito
arde no joelho e
me faz lembrar
q ele sempre esteve ali. 
mesmo por trás daquele céu 
sujo e frio de são paulo e
de todos os outros santos
q me culparam!

ele sempre esteve ali 
em algum lugar pra 
jorrar transbordar num 
cântaro o cantar!

*na primavera que, por ser em São Paulo,
parecia inverno dos bravo!