nunca me disseram
nunca me explicaram
logo a mim que sempre
tive privilégio?
nunca me quiseram
nunca assim me aceitaram
logo a mim que sempre
tive privilégio?
jogo fora a lógica
sacramontada
que lota
grandes e confortáveis
templos
construções
e me enoja e sobra
as sobras e cobram
cobre e dor no corte
agudo da lâmina afiada
côrte
transpassa e sangra
escorre em
cruz
tronco
madereiras
sangue daqueles
que carregam privilégios
dos outros nas costas.