segunda-feira, 29 de outubro de 2018

fez um silêncio
o atabaque parou
batucou meu coração
e acelerei o movimento das pernas
da boca, dos dedos, coceiras
minhas manias todas em ansiedade
minhas dores minhas perdas
meus medos
minha depravação nos separando
minhas maneiras tortas 
e meu jeito inadequado do mau gosto
mau agouro de mim,
minha esperança dilacerada
dois lados
pedaços de carne vermelha coração
dilacerado
um tanto considerável de esperança
esperando um amanhã que nunca chega
e quando eu pensei que tava perto
que a gnt tava mais junta
mais forte,
levei um tiro
veio de supetão 
e me pegou de jeito
eu que pensava ser sacanagem
o ustra da tortura
ser lembrado e votado e adorado
arma de fogo forjando
um mito
um deus
um salvador
um julgador
que julga a minha dor
sem saber que meu amor 
não arranca pedaço de ninguém
nem espaço
não tome o meu espaço
não me culpe a consequência do seu pecado
nasci esquisita e torta
e briguei com toda a família!

não há salvador que me salve, 
senão eu mesma
pq não há sangue derramado que baste pra nós!
eles sempre querem mais! 

serei o arco que atira a fecha
e a flecha q fere o alvo
a filha do daniel q deserda
um empreendimento na caverna

eu sei que há vida fora dali
há luz onde só entra treva
há sombra pra descanso da luz
há alma pra seguir
há corpo pra correr
há esperança pra sonhar

acordei me lembrando que a gente junta 
tem mais poder que qualquer mito!