eu tenho o vento
desde o primeiro dia que eu respirei
eu tenho a luz
sempre que abro os olhos
eu tenho sossego
com um filme e uma rede
calma, só às vezes
quando o silêncio grita por esperar
eu tenho desejos
eu sinto fome
eu mastigo as minhas carnes
e corrôo com o ácido da saliva
a gengiva terra da semente
uma mente brilhante!
encerada
lapidada pra luz
- semente não mente, não disfarça, não finge!
disse o semeador que saiu a semear
e eu aqui
no solo que me coube
e sei:
enraizar no profundo
vai rasgando tudo
e minha unhada tá cada vez mais forte
minhas garras
me agarrando ao que está no alcance das mãos
eu me mordo
como se agora fosse eu que quisesse experimentar meu veneno
ouço soar um sino
campainha...
[eu sonhei com um cavalo gigante
que flutuava por entre as cores de um arco iris]
eu não quero companhia agora
e volto ao meu delírio
sangrando em lua cheia
eu viva,
santuário de
eva, lilith,
helenas e marias madalenas
sofia e nossa senhora aparecida
todas do mar
de amar
os que escreveram nomes de homens
e que traduziram tudo com nomes de homens
esqueceram de lembrar que não é só na escrita
o poder da vida
mas, antes na vagina
e a gente em todos os tempos sempre resistiu!
o sonho de não ser só a secretária
foi me corrompendo
corrompo tudo o que há aqui e aí
só pra provar que eu posso ser melhor.
é mentira!
eu já tentei de tantos jeitos
já fui casada com homem hétero
ja fui recatada e do lar
já fui crente
crente que meu caminho era submissão!
e a liberdade vinha e batia na porta alguma vezes
no meu ap improvisado
eu li as escrituras sagradas
"eis que to a porta e bato"
e não é à toa que isso tá escrito em ap 4:20
mas pra entender as escrituras tive antes que transgredi-las.
tá mesmo escrito que a maior virtude é o amor
e 'eu sou' também tá lá desse jeito
e quem é que vai negar?
quem me condenará?
quem vai substituir a graça ou criar subsídio pro sangue?
a intensidade que me ascende
é tão forte que cria e destrói
cria e destrói, cria e destrói!
o medo da rejeição
o escuro do perdão
o escarro das costas
o lado fétido das coisas
e por que não?
qual é o sentido da atração?
o mal? o bem?
acho que tá tudo é no mesmo lugar
e querer só a luz, meu bem
te cega pra perceber que é na sombra
no escuro da noite
no momento desperto da madrugada
onde eu mais abro os olhos e vejo
vejo as estrelas
me vejo!
e ainda assim
eu só vejo o que consigo
e tudo bem!
assim vou de boas
a sorrir e a sofrer
que é o meu jeito de entender
que todo o meu bem
que todo o meu mal
não é só você, nem você, nem você...
sou eu também!
Notas da Dani
segunda-feira, 10 de março de 2025
domingo, 5 de fevereiro de 2023
a vastidão desse meu eu, terras que me habitam!
a devassidão que eu nem vi ainda
os vales, quebradas e colinas.
daqui de cima é tão embaixo quando muda a perspectiva ...
deva -
gar
e quase parando
é assim que vou indo
voo vindo ouvindo o rugido do vento
navalhando o meu desejo,
bem agora que o amor vem devagarzinho
um cheiro longe num pedaço de papel tão pequeno
onde escrevi meu intento!
devo estar a poucos quilômetros de onde nada devo
paro e respiro enquanto tento lembrar
que só tô aqui nesse lugar
porque ousei largar mão da esperança tola
de tentar mudar o ritmo do coração com o nó da razão!
não há certeza ou verdade nenhuma no mundo que me explique
não há rótulo, nem legenda, cartilha ou manual de instruções ...
eu sou um conjunto de alguns raios da luminosidade que chega à minha consciência.
a devassidão que eu nem vi ainda
os vales, quebradas e colinas.
daqui de cima é tão embaixo quando muda a perspectiva ...
deva -
gar
e quase parando
é assim que vou indo
voo vindo ouvindo o rugido do vento
navalhando o meu desejo,
bem agora que o amor vem devagarzinho
um cheiro longe num pedaço de papel tão pequeno
onde escrevi meu intento!
devo estar a poucos quilômetros de onde nada devo
paro e respiro enquanto tento lembrar
que só tô aqui nesse lugar
porque ousei largar mão da esperança tola
de tentar mudar o ritmo do coração com o nó da razão!
não há certeza ou verdade nenhuma no mundo que me explique
não há rótulo, nem legenda, cartilha ou manual de instruções ...
eu sou um conjunto de alguns raios da luminosidade que chega à minha consciência.
toda a grandiosidade que sobra é a matéria escura que arquiteta a minha mais profunda verdade!
a fuga da espera em tela
corpo vivo
particípio
princípio da parte que te cabe a arte
partículas espalhadas
pelo sopro forte do vento em samambaia
nuns fins de tarde!
oro pra que a espera acabe
mas vejo que ela, em vela
navega e
cura da pressa de ser impossível
eu ouvi o canto do mar a silenciar
a distância da saudade em sal na terra
salgando a esperança do reencontro
só que se espero demais
passo a contar me em cédula
quanto custa e onde fica minha morada
sem nem poder ter namorada?
cansei de esperar ser suficientemente boa
pra me aceitar em flash de criança criação
ser é o meu maior desafio
desde que a voz da criança teve que ser silenciada
e grunhia dentro de mim
aumentando a distância
eu e meu ser
eu observei os olhos de muita gente
e também fui observade profundamente
calade a maior parte das vezes
eu falo muito quando estou em ambientes em que me sinto confiante, e quanto menos eu conheço a pessoa,
mais segure fico pra falar de mim
estranho estranho dani
talvez você só fale o que gostaria que as pessoas soubessem de vc,
não o que você é exatamente
até porque nem tu sabe quem és!
se-lo eh a palavra que me consola
a navegar entre o não binarismo do sim e do não
do bem e do mal
do erro e acerto
eu não sei a dimensão das distâncias que há entre nós!
25 DEZ 2022
porque parece tão mais fácil não aceitar do que aceitar o que eu acho diferente?
deforma tudo, sai da forma
fórmula que reproduz em série
a marcha repetitiva do padrão
em promoção!
não tem nada mais sem graça do que a graça ser condicionada por certo e errado!
curva do misterioso oráculo estelar
nem se importa em mudar o rumo das coisas
num sopro pó de estrela
e tudo se desfaz
as certezas
o todo embrulhado pra viagem
a mala, o soquete, os trilhos do trem batendo ainda na minha cabeça
a lembrança corriqueira do medo!
um passarinho pousa na janela, mas assim que eu me viro pra olhá-lo ele sai voando... tão bonitinho
volta depois e mais uma vez
vem com mais um e depois mais um
enquanto os observo fico numa felicidade imensa feito fogo formigando minha pele
sim, tô feliz com o que tenho me tornado
é um processo longo
onde o fim é só o começo
para um maior mistério!
corpo vivo
particípio
princípio da parte que te cabe a arte
partículas espalhadas
pelo sopro forte do vento em samambaia
nuns fins de tarde!
oro pra que a espera acabe
mas vejo que ela, em vela
navega e
cura da pressa de ser impossível
eu ouvi o canto do mar a silenciar
a distância da saudade em sal na terra
salgando a esperança do reencontro
só que se espero demais
passo a contar me em cédula
quanto custa e onde fica minha morada
sem nem poder ter namorada?
cansei de esperar ser suficientemente boa
pra me aceitar em flash de criança criação
ser é o meu maior desafio
desde que a voz da criança teve que ser silenciada
e grunhia dentro de mim
aumentando a distância
eu e meu ser
eu observei os olhos de muita gente
e também fui observade profundamente
calade a maior parte das vezes
eu falo muito quando estou em ambientes em que me sinto confiante, e quanto menos eu conheço a pessoa,
mais segure fico pra falar de mim
estranho estranho dani
talvez você só fale o que gostaria que as pessoas soubessem de vc,
não o que você é exatamente
até porque nem tu sabe quem és!
se-lo eh a palavra que me consola
a navegar entre o não binarismo do sim e do não
do bem e do mal
do erro e acerto
eu não sei a dimensão das distâncias que há entre nós!
25 DEZ 2022
porque parece tão mais fácil não aceitar do que aceitar o que eu acho diferente?
deforma tudo, sai da forma
fórmula que reproduz em série
a marcha repetitiva do padrão
em promoção!
não tem nada mais sem graça do que a graça ser condicionada por certo e errado!
curva do misterioso oráculo estelar
nem se importa em mudar o rumo das coisas
num sopro pó de estrela
e tudo se desfaz
as certezas
o todo embrulhado pra viagem
a mala, o soquete, os trilhos do trem batendo ainda na minha cabeça
a lembrança corriqueira do medo!
um passarinho pousa na janela, mas assim que eu me viro pra olhá-lo ele sai voando... tão bonitinho
volta depois e mais uma vez
vem com mais um e depois mais um
enquanto os observo fico numa felicidade imensa feito fogo formigando minha pele
sim, tô feliz com o que tenho me tornado
é um processo longo
onde o fim é só o começo
para um maior mistério!
não se preocupa meu bem
q'eu tô de mutuca até o dia clarear
é noite,
essa hora que é boa pra ideia firmar
firma firmamento firmeza no pé da estrela
toda a riqueza e qualquer tanto de medo
vem do mesmo lugar!
eu fiz o jantar
juntei a loça pra lavar
arrastei o sofá, saí do lugar..
doce lar
tá assim meu lugar,
meu canto pra sossegar
e é tão eu:
a vida em miniatura
como se fosse pra brincar
brincar de verdade e poder amar
sorrindo, poder amar
chorando, poder amar!
pois se de pequena em pequeno é que vai se fazendo a grandeza
continuo seguindo com meu passo curto
um de cada vez
já errei tanto
já fiz do jeito torto demais o embaraço atraso
já falei quando não devia
já gritei quando não era hora
já calei quando tinha que falar
e parece que eu nunca sei
parece que eu nunca sei ao certo
o que é de fato o certo
qual é o fato certo?
olfato
tato
sinto o meu existir
mas não é só cheiro e toque
tem osso rangendo
cartilagem gasta
cansaço
coragem pra ir
onde ninguém mais pode, além de mim!
continuo seguindo
com meu passo curto
um de cada vez
firma firmamento firmeza no pé da estrela
toda a riqueza e qualquer tanto de medo
vem do mesmo lugar!
eu fiz o jantar
juntei a loça pra lavar
arrastei o sofá, saí do lugar..
doce lar
tá assim meu lugar,
meu canto pra sossegar
e é tão eu:
a vida em miniatura
como se fosse pra brincar
brincar de verdade e poder amar
sorrindo, poder amar
chorando, poder amar!
pois se de pequena em pequeno é que vai se fazendo a grandeza
continuo seguindo com meu passo curto
um de cada vez
já errei tanto
já fiz do jeito torto demais o embaraço atraso
já falei quando não devia
já gritei quando não era hora
já calei quando tinha que falar
e parece que eu nunca sei
parece que eu nunca sei ao certo
o que é de fato o certo
qual é o fato certo?
olfato
tato
sinto o meu existir
mas não é só cheiro e toque
tem osso rangendo
cartilagem gasta
cansaço
coragem pra ir
onde ninguém mais pode, além de mim!
continuo seguindo
com meu passo curto
um de cada vez
yanomame
também no mangue
gangueia ao gosto do fel
sangue derramado
custo pago já tantas vezes
e os esforços todos já não bastam
pra que a terra seja assegurada de sua
sacramentalidade!
yanomame
meu desapego
a essa brita toda que passa em cima do rio
dessa saudade eu sei
pra alimentar a esperança
de encontrar você na selva do meu coração
de ser só o céu, o rio
as pontes, o vento sorrindo
as pedras acelerando o curso
passagem e travessia
percorrendo distância e alongamentos
desse sem fim que é ser
yanomame
lembro de você agora
sentado ofegante
um homem tão forte, tão grande
num tempo tão distante
turva memória
minha reativa lógica
forjando um eu sem história
mas é na curva de rio e em pedras amontoadas,
grandes e pequenas,
que as águas encontram força pra sua velocidade
um homem tão grande, tão forte
em total entrega à própria sorte
leva a cuia pra boca
simbologia do corpo
aos aspectos mais específicos do sentir!
[eu fiquei tentando lembrar
qual filme aquela menina tinha falado
sobre cobras
eu demorei pra lembrar que era sobre 🐍 cobras]
yanomame
tupinambá
desde a linhagem de Dan
a cobra, o velho, o vento,
o que é ereto!
o desalinhavar de um sentimento
mais senil que mental
meus nobres sênex e puer
a resguardarem a integridade
das minhas duas faces
tão opostamente complementares!
também no mangue
gangueia ao gosto do fel
sangue derramado
custo pago já tantas vezes
e os esforços todos já não bastam
pra que a terra seja assegurada de sua
sacramentalidade!
yanomame
meu desapego
a essa brita toda que passa em cima do rio
dessa saudade eu sei
pra alimentar a esperança
de encontrar você na selva do meu coração
de ser só o céu, o rio
as pontes, o vento sorrindo
as pedras acelerando o curso
passagem e travessia
percorrendo distância e alongamentos
desse sem fim que é ser
yanomame
lembro de você agora
sentado ofegante
um homem tão forte, tão grande
num tempo tão distante
turva memória
minha reativa lógica
forjando um eu sem história
mas é na curva de rio e em pedras amontoadas,
grandes e pequenas,
que as águas encontram força pra sua velocidade
um homem tão grande, tão forte
em total entrega à própria sorte
leva a cuia pra boca
simbologia do corpo
aos aspectos mais específicos do sentir!
[eu fiquei tentando lembrar
qual filme aquela menina tinha falado
sobre cobras
eu demorei pra lembrar que era sobre 🐍 cobras]
yanomame
tupinambá
desde a linhagem de Dan
a cobra, o velho, o vento,
o que é ereto!
o desalinhavar de um sentimento
mais senil que mental
meus nobres sênex e puer
a resguardarem a integridade
das minhas duas faces
tão opostamente complementares!
sábado, 12 de novembro de 2022
é o velho medo vindo
às vezes se veste de culpa,
mas pode ser também preguiça pra autorreflexão
será q tem mesmo um jeito certo de viver, de agir
pra que a minha vida e vinda ao mundo não seja tão insignificante?
como não seria, né? acho que é de insignificâncias mesmo que vem o significado das coisas.
uma coisinha tão pequena
uma gota um vírus uma faísca
a vela inteira sem o pavio,
miúdo que seja,
num queima, num clareia
não teima
que o que eu digo
anseia qualquer seita
e aceita o que preceita
na ceia de sexta feira
salto livre de uma pedra gigantesca na cachu
e só eu a deslizar descalça pra não arriscar a nudez do modo
como o medo me solavanca a esperança
às vezes se veste de culpa,
mas pode ser também preguiça pra autorreflexão
será q tem mesmo um jeito certo de viver, de agir
pra que a minha vida e vinda ao mundo não seja tão insignificante?
como não seria, né? acho que é de insignificâncias mesmo que vem o significado das coisas.
uma coisinha tão pequena
uma gota um vírus uma faísca
a vela inteira sem o pavio,
miúdo que seja,
num queima, num clareia
não teima
que o que eu digo
anseia qualquer seita
e aceita o que preceita
na ceia de sexta feira
salto livre de uma pedra gigantesca na cachu
e só eu a deslizar descalça pra não arriscar a nudez do modo
como o medo me solavanca a esperança
quarta-feira, 15 de dezembro de 2021
espírito solto leve feito vento
é disso q sou
é disso q sou
ventania
um homem mandando um menino ter moral com a mãe
é uma estrutura tão dura,
tão viva, tão arrogante
como me livrar por completo dela?
boto fé que eu já me livrei e isso são apenas
lapsos da memória, do hábito do ego e da mente
q se esforçou tanto pra se adaptar até perder o ar!
não mais, não mais
nenhum homem, nenhum menino!
nem mulher alguma
vai mais dizer quem eu devo ser!
minha imaginação vaga entre criar e lembrar
lembrar e criar
memória viva que modela o futuro
com os fios condutores do inimaginável a soprar pro meu mundo frestas da sua imensidão!
três da manhã
três da manhã e eu acordo
ouço minha voz, onde mia a gata noturna
a desintegrar meus turnos
tarde é dia e entardecer rotina das seis
em samambaia o lilás entre as furnas
fúrias do vento, desenho de nuvens
a cada instante um céu cenário novo
aqui dentro eu vivo um trabalho em equipe
um vício meu querer fazer tudo junto
conjunta minha vênus e mercúrio em escorpião
é tão bom tão inerente ao meu imaginário
fecho os olhos e vejo corpos trabalhando juntos,
homens e mulheres, um se parece com o silva, tipo vestido de testemunha de jeova. estranha essa imagem, mas ela veio forte e ainda ta aqui comigo.
talvez um condicionamento, um jeito de esperança pra vida q depende do olhar da outra, do outro pra girar!
eu tô louca pra transar
pra conhecer alguém especial com quem eu possa
me soltar e me conhecer mais sexualmente
a selvagem q sou anseia pelo veneno do escorpião na dose certa pra cura!!!
quero estar aberta pra viver isso, pois pronta e preparada sei q nunca estarei, mas mesmo assim, qro mais uma vez me por no risco de ser eu mesma numa relação inteira e funda!
terça-feira, 6 de abril de 2021
conheci o reino
do castelo coração
onde eu sou forte cidade ciencia e pequenez
não sou apenas uma
sou várias vários
ovários e ovos
voos noturnos
apalpando a escuridão mais com tato
contato
do que com visão
eu que achava que ser humano era ser cristão
e existiria um céu, um reino, só pra uns escolhidos
percebi que ser humano era muito mais que estigma
é existir todo dia com ou sem meta ou promessa
apenas sendo o brilho, o trilho da vida
existir com a consciência de cada parte do corpo
respiração reciclagem transcendência
morte e ressurreição
caos e ordem
estruturas mais complexas que sim ou não
a e b ou ele e ela
quanto mais eu expando meu peito
mais eu me caibo no amor
mais eu me vejo
percebo vazios espaços ainda tao longe, desabitados
as vezes dá uma sensação tao profunda de solidão
de ver por fora, com o olho da outra pessoa, do outro humano,
a aprovação, o desejo, o olhar, a adoração
os pequenos deuses inflando
e que confusão ...
'...a dor e a delícia de ser'
e se conhecer!
um nome sonhado
um nome buscado
identificado
deus é meu juízo
e minha juíza
ela sonhou com seu nome e mudou
e se curou e transformou-se no que se imaginou
batismo secreto íntimo
pensamentos cativos a quem se não a mim mesma?
eu me batizando nas águas do espírito.
num tanque batismal em uma assembleia
debutei deitada nas águas
e meu coração meio q apertou quando lembrei
da canção, das flores... o perfume, as caixas, as formas, as expectativas...
um púlpito e várias mãos guiadas
com destinos prontos
sinto que o rio que flui de dentro de mim
não tá pra ser represado
minha garganta coça
imagino ranhuras e começo a ranger os dentes
é uma secura que estala estirada ao sol
raios quentes corrompendo a pele
o fogo de dentro
medo de devastar
pentecostal
em línguas diferentes
a película rompida
em carne viva
a música e o sexo são as a coisas mais
pentecostais que
eu conheço
maramar
maramar
arrabaldes
arsenal de pedra
novidade, dizia ela,
uma ponte entre o beat e a palavra
dada na hora, sem pedir, sem esperar
não sabia o que ia vir,
só sabia o que qria deixar
maramar
em amargura e fúria
despejo o azedo ácido do meu peito
arde sem medo a garganta
e esse gosto de agora
a me tirar o sono
a levar em prosa funda e mental
fundação fundição fundo
fundoue
maramar
do mesmo amargo, mel
nas entranhas da luta com o forte, doçura
das águas de noemi, mara!
maramar
doce nunca foi o mar
amor amargo de mar
é tão fundo
e tá lá tanta vida que eu nunca vou saber toda
....nem esquecer
mara mar amar amargo mar
junho 2020
abril de 2020
um esgoto de mim
é assim que me sinto às vezes
ora quando bebo, ora quando falo demais
aí eu acordo às 4, sem sono, sem sonho
tentando puxar da mente a lembrança
de como eu cheguei aqui.
com a mesma roupa,
o cheiro de terra nos pés
a culpa
travei na culpa
palavra estúpida que inventaram
pra eu me calar
li ontem o livro da taten
"leve sua culpa branca pra terapia"
e senti culpa, claro...
isso de agora, futuro, verdade
palavras...
minha culpa revelada é só pra fingir a
verdade de agora! e isso me pareceu investimento, expectativa, sei la
culpa me engasga, me entala
me revira as tripa
eu tenho os comixão tudo
mas essa q eu mais odeio em mim
está mesmo doida pra ser livre e poder delirar
eu já acreditei mesmo q por ser filha do mal
deveria anular tudo com o bem
as pernas fechadas e o desassossego
dos joelhos, da mandíbula
os dentes de trás
ser boazinha seria fácil pra mim
aos 7 anos descobri
que era melhor sorrir na festinha de aniversário
porque até os 6, eu chorava
e tinha a cara brava
foi com 6 q veio o órgão, e o
meu primeiro bebê,
meu primeiro brinquedo de mulher.
longe de mim foi ficando o cerne
o urso polar, a leoparda de pelo preto
eu tinha um sorriso bonito
e sorrindo daquele jeito
vestida nas roupas certas
eu tinha sobre mim aqueles olhares
que eu tanto desejava dela, dele
o esgoto que eu vomito hoje
existe sim num lugar específico de mim
se as cidades nao tivessem asfaltado os rios
sucupira eu
nem precisaria de esgoto
escremento é adubo
e a terra colhe de novo aquilo q planta
e nessa dos alimentos sólidos demais,
plásticos e inseticidas,
como devolver tanto lixo ao petróleo
e soca-lo de novo debaixo da terra?
acho que isso resolveria tanta coisa
acho que até falta de ar
até o ar que me falta
quando me sinto culpada
se eu furasse um buraco no concreto
e separasse o cimento das pedras, da areia e da água
talvez até aplacaria um pouco da minha raiva
mas não!
é na expressão!
ta no cerne da questão
nem esperança nem medo
confesso! um não é difícil mesmo quando tudo o que meu corpo mais quer é a perdição do seu! é errado, eu sei! e isso me dá culpa também! mesmo sabendo decorado que alguém sempre leva sobre si culpa dos outros.
eu já deveria saber que nenhum dedo apontado poderia me causar isso se eu tivesse um pouquito mais de fé em mim
não naquela amedrontada que acha virtude
no cabelo liso e na pele branca
pra pagar de boazinha
baixinha, delicadinha, tão feminina
"dá até vontade de cuidar"
mas naquela que prefere o silêncio
ao discurso vazio de uma não prática
habitual nas de cabelo liso e pele branca
o meu corpo não silencia minha liberdade
mas às vezes meu argumento enjaula meu jeito doído de ser.
o jogo sujo do mundo
quer que eu viva de expectativas
mas meus ossos e poesia
desejam comer boa parte de quase tudo
...sem o privilégio da pele, do pai, do patrão
do pendão, do perdão
ser perdoada é fácil com esse tanto de mérito
difícil é perdoar-si
essa é uma nota sensível
acho q jesus saía perdoando todo mundo
pq ele entendia que não precisava morrer
pra nascer de novo.
todo mundo pode se perdoar sem estado e sem igreja pra fazer isso, assim tb como pode se amar (a si - a nota sensível)
às vezes o que a culpa quer, na real,
é a cara na moeda.
dai a cezar o que é de cezar.
e por 30 moedas se levanta mei mundo
de traidor
e pra essa culpa, pobre judas,
teve apenas a madeira da figueira
pra sustentar.
eu não vou mais me pendurar em nenhum madeiro
eu não vou mais me culpar pra receber o merito da branca de neve que nunca se olha no espelho.
eu não vou mais viver a expectativa
de ser boazinha um dia
porque eu acho que no fundo mesmo eu não nasci pra isso!
abril de 2020
segunda-feira, 16 de novembro de 2020
eu precisei ter certeza nas maiores falhas
e não ter medo de recuar pra seguir em frente
pro que for necessário
eh caminho já traçado
não há meta que me pare
repare que eh só chantagem a vantagem no conto contado todo errado
é vantagem o imaginário roubado pelo pecado
orgias
ofnis e finéias
comentários limitados pra não ter a preocupação de argumentar tanto co'esse corpo que eu
nem sempre tenho cuidado.
tem a manhã de hoje
a tarde de ontem tão real
vívida
vivo tudo em lembrança
até as que ainda não veio
é música que faz vibrar meu peito
um emaranhado de sons e notas a carregar meu desejo pra dentro do mais sagrado segredo em mim.
quinta-feira, 12 de novembro de 2020
sua pele fina
nos meus dedo grosso
arranhando sua sensibilidade
com meu jeito estranhao
mas você vem e me diz que é agora
é agora a esperança
é agora a lembrança
é agora qualquer coisa que se pareça com o eterno
profano e santo tudo sendo a mesma coisa
me expande quando eu te entro
me abre quando você me toca
nos eleva
feito duas pássaras no céu
passando leve na vida e gozando
o vento das marés,
a chama do fogão
quinta-feira, 2 de abril de 2020
acabei de tocar
e isso me revifica de um jeito que eu nem sei dizer
a energia fica pairando no meu corpo
como se a mim só restasse a entrega total das minhas loucuras
pra me descobrir
santo antônio
santa maria
todas as santas e santos
separados pra viver aquele caminho
tão estreito que só cabe eu.
não tem ninguém parecido comigo
ninguém pra quem eu possa olhar e dizer: sou eu
eu tenho um quadro da cassia eller pendurado na minha parede
mas eu sei o quanto sou diferente dela
eu tinha era medo quando era criança
parecia um estigma
aff! que medo eu tinha!
medo daquela imagem
cachoeira jorrando
e eu contida
deixei estourar paredes
muros estocando água parada
pra garantir energia
arrebenta parede e carne
e acho que nisso a gente (eu a cassia)
se parece
e a casca caindo de dentro pra fora
parece um ritual de passagem
enquanto a energia clamar
eu vou aprendendo um jeito novo de viver
nesse novo céu e nova terra.
e isso me revifica de um jeito que eu nem sei dizer
a energia fica pairando no meu corpo
como se a mim só restasse a entrega total das minhas loucuras
pra me descobrir
santo antônio
santa maria
todas as santas e santos
separados pra viver aquele caminho
tão estreito que só cabe eu.
não tem ninguém parecido comigo
ninguém pra quem eu possa olhar e dizer: sou eu
eu tenho um quadro da cassia eller pendurado na minha parede
mas eu sei o quanto sou diferente dela
eu tinha era medo quando era criança
parecia um estigma
aff! que medo eu tinha!
medo daquela imagem
cachoeira jorrando
e eu contida
deixei estourar paredes
muros estocando água parada
pra garantir energia
arrebenta parede e carne
e acho que nisso a gente (eu a cassia)
se parece
e a casca caindo de dentro pra fora
parece um ritual de passagem
enquanto a energia clamar
eu vou aprendendo um jeito novo de viver
nesse novo céu e nova terra.
segunda-feira, 23 de março de 2020
é dificil!
é difícil eu sei!
eu passei o antes da minha vida toda fugindo
fugi da minha mais ousada aventura...
mas hoje eu sei: fui mais corajosa do que ele
depois que eu saí dessas paredes
(e as paredes não são fixas, elas são internas e se movem em mim)
depois que eu saí dessas paredes
um grão de mostarda
e tudo cresce!
um vírus menor ainda
e tudo muda!
uma muda de planta em outro lugar
uma muda de roupa
umas dúzias de coisas
q eu não posso mais fazer
nem abraço, nem beijo, nem toque
que saudade dá da gente
em qualquer rua
em qualquer praça
em qualquer parada
se pegando, se amando!
o vento muda tão rápido de direção
e vc já me disse que
às vezez confusão, turbilhão, ventania
epahey quando me guia!
e a bixa às vezes é escandalosa!
tão espontânea
tão espada e fogo
tão ela, vívida
me ensinando
que brisa também pode ser tempestade
não tem a ver com dizer as palavras certas
tem a ver com me ter
com ser eu assim:
sempre mais, sempre menos
em movimento!
e hoje sei: fui mais corajosa que ele!
essa minha vontade de soltar a voz
pronto! soltei!
e agora to eu aqui sozinha
no meio das rodovia
contando césares alquimistas
sendo salva pelo luis das balinha
caio tropeço corpo todo no chão
meu grão, minhas contadas migalhas
ponta à ponte
rosea céu maduro do verão
roseia a tarde fina
do dia em que a lisura
desceu lisa escorregadia pela garganta
que nem meus dedos em você
pétala riso fulgor
rosa e vaga a esperança
porque é agora que se vive
calma!!!
é com calma que se vive
é com calma que se sente
a seiva subindo até a pinta da folha
e pinga
pingo eu!
tranquila
sossega
sopra o ar inspira prende solta
trás a esperança de volta
esperançando o viver agora!
sem paredes que me prendam
sem parentes que me meçam
sem parenteses de explicação
sem medo da exibição
sem feito pro dedão
sem remédio pra raiva
sem trégua pro cara da faca
sem redução do cachê
sem negócio falho
sem testemunho falso
sem dívida
sem dúvida
sem culpa
sem censura
sem ser certa
sem mei mundo de gente pra me aturar
sem altura
sem sacrifício
sem você!
é assim que eu qro me ter
é assim que eu qro me ser
desse jeito!
não me ameace!
não me persiga! não me aprove!
não me maltrate!
não me prove! não me meça por suas medidas! não insista!
não me segura! não me empurra
não me manda calar!
não tenta me obrigar a nada!
não me bate!
porque uma hora eu grito!
ah... uma hora eu grito!
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